De entre muitas outras que o simples bom senso e caridade ensinam a não dizer, salienta-se algumas coisas que foram ditas a pais que acompanhamos na associação e que perderam os seus filhos e que magoaram os mesmos profundamente:
- A uma mãe grávida que tem uma outra filha a morrer com leucemia: “Está à espera de outra criança? Não tem medo que esta também tenha leucemia? Porque é que não abortou? Se isso me tivesse acontecido a mim eu não suportaria.”
- O seu filho tem um cancro! A senhora fuma? Ou bebe? Como é que alimenta o seu filho?
- Não vais passar a vida a falar do filho que perdeste. Não há só isso de importante na vida.
- Deus deve amá-la muito para lhe dar o sofrimento pelo qual está a passar.
- A uma mãe que perde um segundo filho à nascença foi dito o seguinte: “Se calhar não foi feita para ter filhos.”
- Deus levou a sua filha para que não tive problemas com ela quando ela fosse maior.
- Ocupa-te dos vivos. Deixa os mortos em paz. Vira a página.
- Um bancário pergunta a uma mãe cujo seu filho único de 4 anos faleceu atropelado: “Em quanto é que avalia a vida do seu filho?”
- Não tens o direito de dizer isso. Há pessoas que passaram por coisas bem piores. Conheces a senhora Z que já perdeu os 3 filhos que tinha? E ela leva a vida.
É necessário que nos perguntemos porque é que nós tornámos por vezes, tão insensíveis, tão indiferentes, tão pouco dispostos a dar um pouco do nosso tempo a ajudar aqueles que têm necessidade de partilhar os seus problemas. Em vez disso são-lhes dadas drogas que adormecem a consciência e acalmam as reações afetivas e impedem as pessoas de viver, dado que se estas vivessem em plenitude poderiam ultrapassar a experiencia dolorosa e conhecer de novo a vida em toda a sua beleza, com todas as suas múltiplas solicitações, com os seus desgostos tanto como as suas alegrias. Atualmente dão-se sedativos em quantidades não desejáveis, para que as pessoas que passaram ou estão a passar por um processo de luto pela perda de um(a) filho(a), de forma a estes não sofrerem tanto, em vez de lhes darmos atenção humana e a possibilidade de exteriorizarem as suas emoções. Deixando as mesmas num estado que não é considerado morte, nem vida. Porquê?
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