segunda-feira, 9 de julho de 2012

Significado de morte para as crianças


Para Bromberg (2000) o significado dado á morte pelas crianças varia de acordo com alguns fatores, entre os quais a idade, ou seja, o seu estado de maturação psicológica. Outros dos fatores que têm influência são a forma como os adultos lidam com a perda e o binómio quantidade/qualidade da relação da criança com a pessoa que faleceu. Desta forma, assim que criança tenha idade suficiente para estar vinculada, poderá ter consciência da possibilidade de perder essa pessoa. A autora citada menciona que o medo da morte é originado no meda da criança perder o(a) ente querido(a), de romper os vínculos.
Já para Aberasturi (1978 citado por Bromberg, 2000) a criança tem consciência da morte desde o início da infância, no entanto poderá não ser identificada pelos adultos dado que é sempre expressa com os recursos da criança. Uma vez que esta nem sempre fala da morte, no entanto poderá representar a mesma de forma lúdica ou graficamente, ou até mesmo na forma de sintomatologia psicossomática. A criança poderá também captar, por meio do inconsciente, mortes ocorridas noutras gerações e que poderão constituir um segredo familiar do qual ela também faz parte. Desta forma, cabe aos adultos tentar reconhecer a inabilidade que a criança tem em falar sobre este assunto ou entender esse processo, para que se dê à criança a compreensão do que é a morte.
Para que a criança compreenda a morte, com os recursos que a sua idade permite, ela não deverá ser excluída da experiência de perda. Uma vez que isto faz com que ela perceba a realidade. Sendo que, essa realidade será a que a criança puder fazer, encontrando comportamentos e ações que dêem um significado à perda.
Já para Bowlby (1981) a morte existe para que a criança sobre as mais diversas formas, expresse sobre tudo o que sabe sobre esta. Uma consciência natural que a criança tem sobre o que acontece neste estádio e uma aceitação das emoções mais emergentes: sentir-se triste, desejar a permanência da pessoa falecida, desejar fazê-la reviver.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Luto infantil

Muitos adultos acreditam que as crianças não entendem nada sobre a morte e deverá ser poupada de saber que alguém que lhe é próximo a esta faleceu. Contudo, é bastante provável que essa mesma criança já tenha perdido algum animal de estimação ou tenha assistido a alguma cena de morte quer em desenhos animados ou em noticiários.
Quando uma criança perde uma pessoa querida da sua família, como por exemplo, um dos pais, irmão ou irmã, avós, esta fica triste, confusa. Sendo que, esta mesma morte é sofrida pelos seus familiares, que consternados, estão sem condições de manter a intensidade de cuidados e atenção que anteriormente dirigiam a esta. O importante, é que, passada esta fase de crise, esta volte a sentir-se segura e bem cuidada.
Para Deise Nunes (1998) nas semanas seguintes à perda, as crianças podem apresentar tristeza profunda ou acreditar que o familiar que faleceu permanece vivo. Contudo, se evitar mostrar tristeza ou persistir a longo prazo negando a morte do seu familiar poderá ter sérios problemas num futuro próximo. A “raiva” após a morte de alguém especial para a segurança da criança é uma reação esperada que pode manifestar-se por meio de comportamentos irritadiços, pesadelos, medos ou agressão dirigida a familiares sobreviventes. Contudo, hoje sabe-se que a reação da criança ao luto está muito relacionada com a forma como os pais ou pai sobrevivente e outros parentes abordarão esta questão com ela nas semanas e meses que se sucedem à perda.
A criança deverá ficar à vontade para exprimir os seus sentimentos. Não devemos obriga-la a ir ao funeral ou velório caso esta esteja assustada. No entanto, caso a criança manifeste o desejo de participar no funeral ou ir ao velório, devemos informá-la do que irá presenciar, e explicar a razão de estarem ali, deixando-a livre para perguntar e para ficar o tempo que desejar.
O facto é que mesmo a criança que não sofreu perdas necessita do adulto para falar sobre a morte e esclarecer as suas dúvidas. Como tal, devemos conversar com as crianças sobre a morte procurando sermos o mais honestos possível. Falar em céu ou que o falecido foi viajar ou dormir pode criar a falsa expectativa de que regressará, dificultando o entendimento da perda como algo definitivo. No entanto, devemos ter o cuidado de respeitar o tempo destas para compreender a morte, tendo em consideração o seu desenvolvimento cognitivo. Crianças em idade pré-escolar acreditam que a morte é temporária e reversível, tal como acontece em muitos desenhos animados nos quais os personagens morrem e voltam a viver.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O que fazer quando nos apercebemos que a morte de alguém que nos é querido está a chegar?


A despedida é uma celebração da vida e do amor. No entanto dizemos adeus àqueles que amamos todos os dias, às crianças que vão para a escola, a um amigo que vai de férias, entre muitas outras ocasiões em que dizemos adeus. Quando abraçamos e dizemos adeus, estamos a fazer uma despedida, não para sempre mas por um dia ou um tempo breve. Contudo, se soubéssemos que essa era a última vez, como nos sentiríamos melhor se tivéssemos abraçado apertadamente e dito que gostávamos muita dessa pessoa.
À medida que a morte de alguém que nos é querido se aproxima, não é necessário entrarmos em pânico. Em vez disso, devemos aproveitar para celebrar a vida e dar as mãos àqueles que amamos. Podemos aproveitar o tempo que resta para juntar alguns momentos de magia ao nosso livro de recordações e, quando o crepúsculo cai e a lua se levanta e o (a) nosso (a) ente querido (a) que amamos nos deixa, é reconfortante sabermos que o abraçamos e lhe dissemos adeus.
O luto não é um inimigo mas um amigo. É um processo natural caminhar através da dor e crescermos à medida que vamos caminhando. É preciso dizermos a nós próprios e aos nossos amigos que nos deixem fazer o luto, dado que este é importante para nós. Pois o caminho do luto é bastante longo. É como estarmos num túnel longo e um pouco escuro. É preciso um grande esforço e dor para conseguirmos caminhar nesse mesmo túnel. Caminhada esta, que não poderá ser feita depressa e para muitos, parece demorar muito tempo. Se a pessoa que está em luto tiver a ajuda de alguém amigo em quem confie, com quem possa partilhar memórias e de quem receba carinho, isto poderá ser como as velas que se vão acendendo na escuridão do túnel e que vão iluminando o caminho e dando conforto.
É necessário que a pessoa enlutada não se deixe influenciar pela opinião dos outros. É necessário que viva com as suas memórias, fazendo o seu próprio luto.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O que fazer quando nos apercebemos que a morte de alguém que nos é querido está a chegar?


A despedida é uma celebração da vida e do amor. No entanto dizemos adeus àqueles que amamos todos os dias, às crianças que vão para a escola, a um amigo que vai de férias, entre muitas outras ocasiões em que dizemos adeus. Quando abraçamos e dizemos adeus, estamos a fazer uma despedida, não para sempre mas por um dia ou um tempo breve. Contudo, se soubéssemos que essa era a última vez, como nos sentiríamos melhor se tivéssemos abraçado apertadamente e dito que gostávamos muita dessa pessoa.
À medida que a morte de alguém que nos é querido se aproxima, não é necessário entrarmos em pânico. Em vez disso, devemos aproveitar para celebrar a vida e dar as mãos àqueles que amamos. Podemos aproveitar o tempo que resta para juntar alguns momentos de magia ao nosso livro de recordações e, quando o crepúsculo cai e a lua se levanta e o (a) nosso (a) ente querido (a) que amamos nos deixa, é reconfortante sabermos que o abraçamos e lhe dissemos adeus.
O luto não é um inimigo mas um amigo. É um processo natural caminhar através da dor e crescermos à medida que vamos caminhando. É preciso dizermos a nós próprios e aos nossos amigos que nos deixem fazer o luto, dado que este é importante para nós. Pois o caminho do luto é bastante longo. É como estarmos num túnel longo e um pouco escuro. É preciso um grande esforço e dor para conseguirmos caminhar nesse mesmo túnel. Caminhada esta, que não poderá ser feita depressa e para muitos, parece demorar muito tempo. Se a pessoa que está em luto tiver a ajuda de alguém amigo em quem confie, com quem possa partilhar memórias e de quem receba carinho, isto poderá ser como as velas que se vão acendendo na escuridão do túnel e que vão iluminando o caminho e dando conforto.
É necessário que a pessoa enlutada não se deixe influenciar pela opinião dos outros. É necessário que viva com as suas memórias, fazendo o seu próprio luto.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Como devemos lidar com crianças que estão em fase terminal

As pessoas que lidam e tratam crianças com doenças terminais devem ter sempre em consideração que estas sabem o que lhes está a acontecer. Por isso, o melhor a fazer é deixar que sejam elas a ditar as regras, ou seja, se querem falar, ouvi-las, se querem estar sós, devemos as deixar, se querem chorar ou rir deixamos que o façam. Devemos tentar ser verdadeiros. As crianças doentes têm um “radar” que lhes diz quando os outros estão a ocultar a verdade. Devemos tentar escutar. Devemos tentar compreender. Lidar com a morte a aceitá-la como parte da vida é mais fácil para as crianças do que para os adultos. Isto talvez se deva ao facto de na sua inocência as crianças aceitam a aprendizagem da morte tal como aceitam qualquer outra coisa que lhes seja ensina. Confiando, sem experiencia da vida a criança não percebe o que perde com a morte e por isso a maior parte das vezes estará melhor preparada para lidar com o tempo que lhe resta do que olhar para o tempo que nunca terá.
Elizabeth Kubler-Ross menciona num dos seus estudos sobre o luto que nos dormitórios de crianças dos campos de concentração onde ela trabalhou durante a Segunda Guerra Mundial as paredes estavam cobertas com desenhos de borboletas. A autora acredita que essas crianças nos queriam deixar uma mensagem de esperança.
Talvez possamos aprender com a mensagem deixada por estas crianças.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O que nunca deve ser dito a um pai ou a uma mãe que perderam o filho(a)

De entre muitas outras que o simples bom senso e caridade ensinam a não dizer, salienta-se algumas coisas que foram ditas a pais que acompanhamos na associação e que perderam os seus filhos e que magoaram os mesmos profundamente: 
  • A uma mãe grávida que tem uma outra filha a morrer com leucemia: “Está à espera de outra criança? Não tem medo que esta também tenha leucemia? Porque é que não abortou? Se isso me tivesse acontecido a mim eu não suportaria.”
  • O seu filho tem um cancro! A senhora fuma? Ou bebe? Como é que alimenta o seu filho?
  • Não vais passar a vida a falar do filho que perdeste. Não há só isso de importante na vida.  
  •  
  • Deus deve amá-la muito para lhe dar o sofrimento pelo qual está a passar.
  • A uma mãe que perde um segundo filho à nascença foi dito o seguinte: “Se calhar não foi feita para ter filhos.”
  • Deus levou a sua filha para que não tive problemas com ela quando ela fosse maior.
  • Ocupa-te dos vivos. Deixa os mortos em paz. Vira a página.
  • Um bancário pergunta a uma mãe cujo seu filho único de 4 anos faleceu atropelado: “Em quanto é que avalia a vida do seu filho?”
  •  Não tens o direito de dizer isso. Há pessoas que passaram por coisas bem piores. Conheces a senhora Z que já perdeu os 3 filhos que tinha? E ela leva a vida.
É necessário que nos perguntemos porque é que nós tornámos por vezes, tão insensíveis, tão indiferentes, tão pouco dispostos a dar um pouco do nosso tempo a ajudar aqueles que têm necessidade de partilhar os seus problemas. Em vez disso são-lhes dadas drogas que adormecem a consciência e acalmam as reações afetivas e impedem as pessoas de viver, dado que se estas vivessem em plenitude poderiam ultrapassar a experiencia dolorosa e conhecer de novo a vida em toda a sua beleza, com todas as suas múltiplas solicitações, com os seus desgostos tanto como as suas alegrias. Atualmente dão-se sedativos em quantidades não desejáveis, para que as pessoas que passaram ou estão a passar por um processo de luto pela perda de um(a) filho(a), de forma a estes não sofrerem tanto, em vez de lhes darmos atenção humana e a possibilidade de exteriorizarem as suas emoções. Deixando as mesmas num estado que não é considerado morte, nem vida. Porquê?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

“A perda de uma pessoa pela qual alimentamos um amor profundo constitui uma das experiências mais dolorosas, senão mesmo a mais dolorosa, sentida pelo ser humano” – José Eduardo Rebelo


O turbilhão de emoções que sentimos quando nos encontramos em luto, sobretudo na fase inicial, faz com que muitas vezes fiquemos fechados para o diálogo, dada a penosa e dolorosa prova que constitui o reavivar de imagens e emoções relacionadas com a perda. Em muitos casos, sentimo-nos tão sós e desamparados que não conseguimos, nem de forma individual, nem com o auxílio da família ou amigos, falar abertamente sobre o que pensamos e sentimos.
É no sentido de dar resposta a esta preocupação que surge a APELO – Associação do Apoio à Pessoa em Luto, uma associação sem fins lucrativos que visa ajudar pessoas e famílias que sofreram perdas emocionais profundas, nomeadamente por morte, danos ao amor-próprio, perdas de expectativas, entre outras.
O CAPELO-Porto - Centro de Apoio à Pessoa em Luto no Porto, sob a Coordenação de Lúcia Ferreira (Psicóloga Clínica e Enfermeira) surgiu como forma de dar resposta a uma necessidade deste apoio diferenciado aos habitantes da região metropolitana do Porto.