terça-feira, 3 de julho de 2012

Luto infantil

Muitos adultos acreditam que as crianças não entendem nada sobre a morte e deverá ser poupada de saber que alguém que lhe é próximo a esta faleceu. Contudo, é bastante provável que essa mesma criança já tenha perdido algum animal de estimação ou tenha assistido a alguma cena de morte quer em desenhos animados ou em noticiários.
Quando uma criança perde uma pessoa querida da sua família, como por exemplo, um dos pais, irmão ou irmã, avós, esta fica triste, confusa. Sendo que, esta mesma morte é sofrida pelos seus familiares, que consternados, estão sem condições de manter a intensidade de cuidados e atenção que anteriormente dirigiam a esta. O importante, é que, passada esta fase de crise, esta volte a sentir-se segura e bem cuidada.
Para Deise Nunes (1998) nas semanas seguintes à perda, as crianças podem apresentar tristeza profunda ou acreditar que o familiar que faleceu permanece vivo. Contudo, se evitar mostrar tristeza ou persistir a longo prazo negando a morte do seu familiar poderá ter sérios problemas num futuro próximo. A “raiva” após a morte de alguém especial para a segurança da criança é uma reação esperada que pode manifestar-se por meio de comportamentos irritadiços, pesadelos, medos ou agressão dirigida a familiares sobreviventes. Contudo, hoje sabe-se que a reação da criança ao luto está muito relacionada com a forma como os pais ou pai sobrevivente e outros parentes abordarão esta questão com ela nas semanas e meses que se sucedem à perda.
A criança deverá ficar à vontade para exprimir os seus sentimentos. Não devemos obriga-la a ir ao funeral ou velório caso esta esteja assustada. No entanto, caso a criança manifeste o desejo de participar no funeral ou ir ao velório, devemos informá-la do que irá presenciar, e explicar a razão de estarem ali, deixando-a livre para perguntar e para ficar o tempo que desejar.
O facto é que mesmo a criança que não sofreu perdas necessita do adulto para falar sobre a morte e esclarecer as suas dúvidas. Como tal, devemos conversar com as crianças sobre a morte procurando sermos o mais honestos possível. Falar em céu ou que o falecido foi viajar ou dormir pode criar a falsa expectativa de que regressará, dificultando o entendimento da perda como algo definitivo. No entanto, devemos ter o cuidado de respeitar o tempo destas para compreender a morte, tendo em consideração o seu desenvolvimento cognitivo. Crianças em idade pré-escolar acreditam que a morte é temporária e reversível, tal como acontece em muitos desenhos animados nos quais os personagens morrem e voltam a viver.

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