Muitos
adultos acreditam que as crianças não entendem nada sobre a morte e deverá ser
poupada de saber que alguém que lhe é próximo a esta faleceu. Contudo, é
bastante provável que essa mesma criança já tenha perdido algum animal de estimação
ou tenha assistido a alguma cena de morte quer em desenhos animados ou em
noticiários.
Quando
uma criança perde uma pessoa querida da sua família, como por exemplo, um dos
pais, irmão ou irmã, avós, esta fica triste, confusa. Sendo que, esta mesma
morte é sofrida pelos seus familiares, que consternados, estão sem condições de
manter a intensidade de cuidados e atenção que anteriormente dirigiam a esta. O
importante, é que, passada esta fase de crise, esta volte a sentir-se segura e
bem cuidada.
Para
Deise Nunes (1998) nas semanas seguintes à perda, as crianças podem apresentar
tristeza profunda ou acreditar que o familiar que faleceu permanece vivo.
Contudo, se evitar mostrar tristeza ou persistir a longo prazo negando a morte
do seu familiar poderá ter sérios problemas num futuro próximo. A “raiva” após
a morte de alguém especial para a segurança da criança é uma reação esperada
que pode manifestar-se por meio de comportamentos irritadiços, pesadelos, medos
ou agressão dirigida a familiares sobreviventes. Contudo, hoje sabe-se que a
reação da criança ao luto está muito relacionada com a forma como os pais ou
pai sobrevivente e outros parentes abordarão esta questão com ela nas semanas e
meses que se sucedem à perda.
A
criança deverá ficar à vontade para exprimir os seus sentimentos. Não devemos
obriga-la a ir ao funeral ou velório caso esta esteja assustada. No entanto,
caso a criança manifeste o desejo de participar no funeral ou ir ao velório,
devemos informá-la do que irá presenciar, e explicar a razão de estarem ali,
deixando-a livre para perguntar e para ficar o tempo que desejar.
O
facto é que mesmo a criança que não sofreu perdas necessita do adulto para
falar sobre a morte e esclarecer as suas dúvidas. Como tal, devemos conversar
com as crianças sobre a morte procurando sermos o mais honestos possível. Falar
em céu ou que o falecido foi viajar ou dormir pode criar a falsa expectativa de
que regressará, dificultando o entendimento da perda como algo definitivo. No
entanto, devemos ter o cuidado de respeitar o tempo destas para compreender a
morte, tendo em consideração o seu desenvolvimento cognitivo. Crianças em idade
pré-escolar acreditam que a morte é temporária e reversível, tal como acontece
em muitos desenhos animados nos quais os personagens morrem e voltam a viver.
Sem comentários:
Enviar um comentário